24/05/2009

Ironia do destino!

Depois do apito dourado e do apito final, quem diria que o Boavista e o Gondomar desceriam na mesma época à II Divisão B? O major Valentim e o seu filho João Loureiro devem estar orgulhosos do futuro que, directa ou indirectamente, prepararam para estes dois clubes.

Já diz o povo: "deus escreve direito por linhas tortas".

22/05/2009

Estrutura sólida, resultados mais prováveis

A solidez/estabilidade da estrutura, conjugada com uma inovação sustentada são factores inerentes ao sucesso de uma organização, seja em que ramo for. Um clube de futebol, à luz das circunstâncias actuais, não deixa de ser uma organização com uma estrutura muito peculiar, desde os seus accionistas ou directores até aos elementos que participam nos eventos desportivos.

Ao olhar para o que se passa em Portugal, depresso me apercebo que em breve o FC Porto voltará a ser campeão e o seu presidente continuará a rir desalmadamente dos disparates cometidos pelos concorrentes mais directos. O Sporting CP está à beira de mudar de presidente e, mesmo apregoando-se a uma continuidade do projecto da direcção anterior, haverá sempre mudanças. O SL Benfica já anda no mercado a comprar "jovens craques brasileiros", ainda o campeonato não terminou e, pior, sem se saber se Quique Flores permanecerá ou se virá outro treinador (será que o Jorge Jesus pediu o Patric, o Ramires ou o uruguaio?). Repare-se que não é o treinador que construirá o plantel, apenas se limitará a trabalhar com ele. Um erro! Eu prefiro cortar as unhas com uma tesoura e ficava tramado se chegasse a um sítio e me dessem um corta-unhas como ferramenta. Não é a mesma coisa e até me habituar levaria o seu tempo.

O pior é que quando as unhas começam a ficar "direitinhas", alguém me vai mandar embora e dar o corta-unhas a um outro qualquer que também prefere tesouras. E começa tudo novamente, num ciclo vicioso estúpido, mas por demais profícuo para quem usa sempre a mesma ferramenta e vai ganhando com isso... tempo, dinheiro, admiração e troféus. Tudo por uma questão de solidez, de estabilidade, de mentabilidade, de habituação e de raciocínio prático e eficiente.

Infelizmente para nós - benfiquistas - o ciclo está prestes a começar: "(...) e vai mais uma voltinha, para o menino e para menina."

11/05/2009

Teoria do Funcionamento Probabilístico

A abordagem ecológica do comportamento humano baseia-se em teorias e abordagens que procuram explicar o porquê de actuarmos da forma que actuamos, nos mais diversos contextos. A Teoria do Funcionamento Probabilístico é uma delas, tendo sido proposta por Burnswik, nos meados do séc. XX.

Em traços gerais, esta teoria rejeita a psicologia centrada somente no organismo (i.e., indivíduo) e defende a relevância das relações recíprocas entre o indivíduo e o seu envolvimento. Com base nesta premissa, adquiriu uma forma concreta no modelo da lente, o qual sustenta que o indivíduo não é capaz de percepcionar o descriptor distal directamente (o estado do envolvimento, p. ex., a trajectória da bola), porém deve inferir o acontecimento a partir de pistas ou indicadores “probabilísticos” proximais, mediante os quais efectua julgamentos e tomadas de decisão (Araújo, 2005, 2006; Borba, 2007).

O golo de Pedrão, da equipa brasileira Barueri num jogo contra o Sport Recife, demonstra claramente o que Burnswik sustenta. Contudo, as pistas ou indicadores probabilísticos percepcionados ou calculados pelo defensor do Sport Recife não surtiram muito efeito, na medida em que, qual criança dos escalões de formação de base, deixou a bola bater no solo e entrar, sorrateiramente, na sua baliza.

Muitos dirão: "ah e tal, ele não estava à espera". Pois não estava, a probabilidade de acontecer um golo assim é extremamente reduzida, mas ficar a olhar nunca é solução, nomeadamente naquela zona do terreno de jogo. Sem tirar valor ao jogador do Sport Recife (até porque nunca o vi a jogar), não pude deixar de recordar uma frase batida no meio futebolístico: os bons jogadores evidenciam-se nos momentos mais imprevisíveis do jogo.

REFERÊNCIAS

Araújo, D. (2005). A psicologia ecológica e a teoria dos sistemas dinâmicos. In D. Araújo (Ed.), O contexto da decisão – A acção táctica no desporto (pp. 61-70). Lisboa: Visão e Contextos.

Araújo, D. (2006). Tomada de decisão no desporto. Lisboa: FMH Edições.

Borba, R. (2007). Estudo descritivo e comparativo do processo ofensivo e da utilização do espaço nas variantes de jogo Futebol 4 e Futebol 7. Tese de mestrado não publicada, Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa.

07/05/2009

Novas tecnologias no futebol?

No próximo dia 27 de Maio de 2009, poderemos assistir a uma final da Liga dos Campeões com, na minha óptica, as duas melhores equipas europeias da actualidade: Manchester United e Barcelona.

Ainda assim, o jogo Chelsea 1 - 1 Barcelona de ontem foi um autêntico festival de erros de arbitragem. Não foi um nem dois, foram imensos erros e não apenas confinados à grande área da equipa espanhola. A este nível competitivo, com tanta implicação de diversa natureza metida pelo meio, o Chelsea tem muitas razões de queixa.

O futebol tem de evoluir, tem de se modernizar. Não passa apenas pela profissionalização dos árbitros, mas também (porque não!?) pela introdução de novas tecnologias auxiliares ao processo decisional das equipas de arbitragem. O râguebi fê-lo e não foi por isso que perdeu a sua identidade histórica, a sua espectacularidade e deixou de crescer enquanto modalidade desportiva.

Figura I. Bola ADIDAS já equipada com tecnologia de ponta.

O pior são os interesses que estão por detrás dos erros e que, tantas vezes, nos levam a cair na ingenuidade de acreditar que são somente parte da condição humana. Enquanto tal se observar, a tecnologia nunca será instaurada para induzir o desenvolvimento do futebol, nomeadamente da tão apregoada "verdade desportiva".