26/12/2007

Ecos da (minha) loucura

Paro e olho, perdido num deserto de sensações mirabolantes e fugazes como o vento árido que me cerca. Nunca pensei ficar perdido no deserto. Doze passos é o que consigo contar até ir de boca. Com a mão direita apanho um punhado de areia que me escapa por entre os dedos. Irritado, bato no areal, como quem esmurra o idiota que me batia quando era miúdo. Levanto-me e grito. Interessante: gritar. Ele responde-me no meio do deserto, como uma poção que atenua a dor de quem está longe de tudo. Um pensamento mórbido e tenebroso que me faça gritar é o remédio para a minha demência.

Desesperado, sigo o trilho do nada rumo à terra do nunca, onde ninguém envelhece. Sou tão parvo, como fui capaz de esquecer a terra dos meninos perdidos? É para lá que vão todos aqueles que se deixam cair no deserto. Pé ante pé, deixando para trás pegadas de SER que um dia apagar-se-ão, caindo no infortúnio do esquecimento.

Fui eu que me deixei ir; foste tu que me levaste. Quero ir e sei que vou chegar tarde. Deixa-me ir, para nunca mais voltar… em mim.

The Notebook (2004)

Ok, chamem-me lamechas, mas é um filme espectacular, com uma densidade dramática bem estruturada e, do ponto de vista emocional, assente em pressupostos que nos fazem pensar no significado das nossas vidas. O binómio decisão-consequência é alimentado de uma forma sublime, porque como diz o personagem principal: "não podemos ter tudo".

"A vida não é mais que uma questão de linhas de passe". Qual delas a melhor?

Continuações de Boas Festas!

16/12/2007

O "faz-de-conta"!

- O Sr. sabe como é?

- Desculpe, como é o quê?

- Viver sem nada para fazer?

- Não, nunca cheguei ao ponto de pensar nisso.

- Não queira chegar... ainda! Ter que viver um "faz-de-conta" permanente para nos sentirmos úteis, ou melhor, para nos lembrarmos que ainda estamos vivos.

- Não percebo. Está a falar do quê?

- Da velhice, jovem.

- É assim tão mau?

- Não direi mau. Talvez, difícil. Um dia, se Deus quiser, há-de lá chegar. Claro que depende de como cada pessoa encara a vida, ou o que resta dela. Alguns acordam a chorar, limitando-se a esperar pela morte; outros vivem uma rotina mecanizada pela incapacidade de mudar as suas acções; e outros, como eu, vivem o "faz-de-conta". Meu caro jovem, se eu pudesse trocar de corpo consigo, faria muita coisa que não fiz quando tinha a sua idade.

- Ai sim, como por exemplo?

- Olhe, deixaria de pensar tanto no trabalho e no meu futuro e partiria para outros destinos. Viajar tanto quanto pudesse. Em cada qual arranjaria qualquer coisa para me sustentar, porque quando um homem quer, ele é capaz... de tudo. Percebe-me?

- Sim. Pensaria mais no presente, sem planear o futuro, é isso?

- Mais ou menos, temos sempre que pensar no futuro, pensar em antecipação. Sabe, mais vale prevenir que remediar.

- Tem razão. Mas assim está a contrariar o que disse anteriormente.

- Não necessariamente.

- Então?

- Saber que amanhã dá um jogo de Futebol na televisão, não implica que já saibamos o resultado.

(Sorri!)
- Pois. Você tem um bom ponto de vista.

- O "faz-de-conta" obriga-nos a pensar muito na vida. Todos os dias é um filme novo, senão acordamos a chorar no dia seguinte e assim sucessivamente até que a morte nos abrace de vez.

O velho tem uma expressão serena e transparece sinceridade. As rugas encharcam-lhe uma feição que já viu e passou por muito. Excelente comunicador, fluente no discurso e seguro no pensamento.

- Não fique aí parado, jovem, Vá à sua vida. Aproveite o melhor possível. Um dia, se não lhe pregarem nenhuma partida, vai ter tempo para pensar o dia todo.

Despeço-me do velhote e agradeço os dois dedos de conversa. Dou meia-volta e sigo o meu caminho, não sem antes pensar na expressão "faz-de-conta". Um teatro? Uma personagem? Todos os dias uma nova peça, um novo palco?

Talvez, um dia.

12/12/2007

Adeus Tristeza (1983)

Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar.

(Linda Martini - cover do original de Fernando Tordo - Adeus Tristeza)

08/12/2007

Contra a corrente


Remar, remar. Vejo o horizonte bem longe, embora o caminho seja perceptível. Continuo a remar contra uma maré que não me ajuda. Tenho uma de duas hipóteses: ou desisto e vou por água abaixo, certamente a mais económica; ou continuo a remar suplantando todas as adversidades, uma a uma, com coragem e determinação, impondo sucessivamente mais energia nas minhas acções.

Hoje apetece-me desistir, porque estou mesmo cansado de remar. O sorriso está fechado e nada me motiva para chegar a um horizonte que parece não ter fim.

Talvez amanhã acorde no lado certo da cama e um raio de luz me faça despertar para levar o barco um pouco mais além. É tão frustrante dependermos do hipotético: se X, logo Y; se Z, logo H, o que nem sempre se confirma.

Vem uma onda bem grande na minha direcção, remo para a subir ou vou às cambalhotas com ela? O que hoje é um dilema, talvez (aqui está o "malvado" do hipotético) amanhã não seja.

Remar, remar. Até breve.

05/12/2007

Seis!

De acordo com dados da Aliança Europeia Contra a Depressão, em Portugal suicidam-se seis pessoas por dia, como consequência de estados depressivos avançados.

Quantos são os casos que nos passam ao lado e nós, descuidados, nem damos conta? Qual o pretexto para pôr fim à vida, sem lutar primeiro por boas razões para viver?

A complexidade dos casos é de tal ordem, que tenho receio de responder às questões, a sério.

28/11/2007

A Criança, a Fantasia e o Pai Natal.

Diariamente trabalho com inúmeras crianças e jovens, desde os 2 aos 16 anos de idade. Uma das perguntas que tenho por hábito fazer aos mais novos, é: "O que queres ser quando fores grande?". Médico, futebolista, polícia, condutor de camiões, enfermeira, piloto de aviões, astronauta e biólogo marinho, são algumas das profissões mencionadas.

Apesar de achar imensa graça às respostas, umas mais hesitantes que outras, faço sempre um esforço para nunca me rir ou gozar com elas. Pelo contrário, procuro sempre incentivar a criança a seguir o seu sonho, por muito difícil que seja. Se é possivel eu vencer o Euromilhões na sexta-feira, é muito mais provável que uma destas crianças consiga alcançar este seu "sonho de infância".

A vida é bela porque estamos sempre a aprender. Há uma dúzia de anos, pertencia eu, juntamente com alguns amigos da minha terra natal, ao clube local - o Juventude Desportiva Monchiquense - quando em dia de jogo, um dirigente fez questão de ir ao balneário para "dar moral à malta". Éramos crianças. Algures no seu discurso disse: "(...) nenhum de vós será um jogador profissional.". Realista. De facto, os poucos que chegaram aos séniores, nenhum passou dos distritais, contudo recordo-me das expressões tristes e cabisbaixas dos meus colegas e da minha desilusão. Quem não queria ser jogador de futebol naquele grupo?

Ser sincero e realista não são qualidades negativas num adulto, porém quando lidamos com crianças, é necessário sermos sensíveis às suas fantasias e aos seus processos de crescimento e maturação. É tremendamente cruel privar qualquer criança de um sonho, por muito estúpido que possa parecer.

Na minha opinião, devemos ir alimentado esses sonhos, sem ansiedades e sem expectativas demasiado elevadas, uma vez que em determinado momento da nossa vida, variável de sujeito para sujeito, todos nós deixamos de acreditar no Pai Natal.

25/11/2007

Selecção Nacional: missão cumprida

Numa semana marcada pelo apuramento da selecção portuguesa para o EURO 2008, a acontecer na Áustria e na Suíça, não posso deixar de escrever umas linhas sobre o assunto.

Não obstante a percepção de "missão cumprida" e, por si só, diz muito da campanha rumo ao EURO, não creio que tenhamos muitas razões para festejar efusivamente. É natural que olhando para o "caso inglês", me dá um gozo especial poder assistir do sofá aos jogos de Portugal, no entanto, admito que ao visualizar os últimos jogos da selecção fiquei angustiado.

Por entre importantes jogadores lesionados não há, aparentemente, desculpas para os melhores jogadores do país (ou supostamente em melhor forma desportiva) jogarem como fizeram: apáticos, sem sentido colectivo e sem ambição. É incompreensível o número de bolas perdidas em situações individuais (só o Ricardo Quaresma e o Cristiano Ronaldo perderam umas 20 bolas no jogo frente à Finlândia), quando os problemas tácticos deveriam ser resolvidos colectivamente. Algo não está bem.

Por outro lado, Scolari regressou do castigo imposto pela UEFA e, na minha opinião, mal. A conferência de imprensa após a qualificação mostrou-nos, mais uma vez, a incapacidade do seleccionador em manter o controle emocional em determinadas situações com as quais deveria estar perfeitamente identificado. Levantar-se e virar costas aos jornalistas, muitas vezes com perguntas menos conseguidas, não é exemplo para ninguém e deve-se exigir a um agente desportivo com a responsabilidade de um seleccionador, outro tipo de atitude.

Ainda assim, conquistou o mais importante: o apuramento para uma grande competição europeia. Eu pergunto: no grupo em que estávamos e com o lote de jogadores "seleccionáveis", quantos treinadores não conseguiriam melhor?

17/11/2007

Como é bom cair.

O dia está frio. O amigo Sol foi descansar e a Lua escondeu-se atrás da cortina cinzenta que banha o escuro do céu. Sigo enregelado por este frio súbito, bem dentro de época, que habilmente me soube "fintar".

Nas ruas sopra uma brisa que me cumprimenta através daquilo que não me pertence. Um saco de plástico voa abandonado por entre paredes vizinhas como um intruso que penetra num espaço que também não lhe pertence. Depois de usado e deitado fora, ali está ele - o saco de plástico - aos meus pés, um companheiro de caminhada. A efemeridade é tramada e deixo-o para trás, já passou. Um momento presente como tantos outros que já passaram e continuarão a passar.

Esfrego as mãos, maldito frio que não me larga. "Porra!", murmuro entredentes. Nenhum pensamento me aquece por dentro, mas como "ele" me surpreendeu, acaba sempre por acontecer algo mais que me irá surpreender, como que de um ciclo vicioso se tratasse. Encontro nesta minha jornada uma bela casca de banana. Solto um sorriso masoquista, por entre malícia expressa contra o meu próprio ser. "Não, tu és parvo", adverte o meu superego.

Um alvo. Os meus passos aceleram, os braços relaxam entre o frio esquecido pela nova ideia. Vejo-a, sei o que quero, já disse que não vou parar? Já! Pois, piso a casca da banana e faço questão de cair. Tão ridículo, porém é tão bom.

Olho o céu, fico ali estendido no chão, devorado pelo frio. Sorrio novamente, uma réstia de esperança que me enche o campo de visão em busca de uma aberta. Não quero muito, uma só aberta para poder ver novamente as estrelas. Como gosto de as contemplar. São a minha anestesia. Sabem porquê?

Fazem-me sonhar.

10/11/2007

O Treino de Jovens

Uma súbita crise de falta de ideias ou assuntos tem assolado o meu cérebro. Bem sei do fraco interesse que os últimos posts têm suscitado, mas não é isso mesmo que é ser humano? Hoje senti que deveria escrever sobre qualquer coisa, mas o quê? Fez-se alguma luz. Porque não escrever sobre o tema que muito me tem movido nos tempos mais recentes e que, certamente, continuará a ocupar um espaço importante na minha vida futura?


O Treino de Jovens

Enganam-se redondamente aqueles que pensam ser uma tarefa para pessoas com "carolice" para a coisa, com enorme gosto em lidar com crianças/jovens. É indesmentível que saber lidar com crianças/jovens é importante, contudo, treinar jovens é muito mais que isso. É ser Pai, ser Professor, ser Amigo, ser Juíz, ser Advogado, ser Comandante e, sobretudo, ser um Exemplo.

Pego numa célebre linha - "treinar jovens não é treinar adultos em miniatura" - como ponto de partida para um breve reflexão pessoal. Um adulto é supostamente uma pessoa com uma formação consolidada, o que não implica que não seja capaz de aprender ou modificar os seus comportamentos ou condutas; na criança/jovem estamos em pleno processo de formação, portanto, passamos pelas chamadas "fases sensíveis". É impossível nos reportarmos somente aos factores "treináveis" como as qualidades físicas (resistência, força, velocidade, flexibilidade e destreza geral), uma vez que também surgem associadas a "períodos-chave" para a aquisição e/ou desenvolvimento de capacidades cognitivas, sociais e emocionais.

Assim sendo, o desporto não deve, nestas idades, ser encarado como um fim, mas como um meio para uma formação que se pretende integral e saudável.

Treinar jovens é educar crianças/jovens através de algo motivante - o desporto - para no futuro serem indivíduos capazes de lidar convenientemente com as diversas situações (positivas ou negativas) que a vida em si encerra, mantendo hábitos de vida saudáveis. Para isso, é ainda necessário sabermos aquilo que prescrevemos aos nossos atletas. Um sujeito com "carolice para a coisa", salvo raríssimas excepções, nunca conseguirá cumprir com êxito este requisito, porque realmente não é fácil conjugar, num exercício ou num treino, tantos elementos (características) de um sistema (criança/jovem) em formação, salvaguardando um objectivo a longo prazo.

Para finalizar conto-vos um episódio bem "fresco". Há meia dúzia de horas encontrei um jovem da minha equipa que, perante a minha anunciada ausência aos jogos desta época, me comunicou: "Mister, hoje perdemos o jogo". Na verdade já me havia sido relatadas as incidências do encontro, o resultado não era novidade para mim. Novidade foi a minha pronta resposta: "Não há problema, logo ganharemos noutro dia". Ele sorriu.

A ganhar já eu estou e ele também, espero que um dia possa vir a ter essa noção, porque ganhar no desporto é muito mais que ganhar um simples jogo, é crescer para a vida.

05/11/2007

"Dá-me a tua melhor faca, para cortarmos isto em dois..."


É música portuguesa da boa, são os Linda Martini e o tema chama-se "dá-me a tua melhor faca". Lançaram um álbum - Olhos de Mongol - no ano de 2006 e têm participado em inúmeros festivais nacionais. Esta actuação é no Super Bock Super Rock em 2006.

Talento não lhes falta; reconhecimento talvez. Eu até há bem pouco tempo não os conhecia, devo "andar a dormir na baliza".

Apreciem! :)

04/11/2007

Corrupção

Baseado num testemunho real, se é verdade ou não, decerto que não serei eu a confirmar, mas que lança muitas dúvidas sobre o que se passou/passa no futebol do nosso país, é inquestionável. As nossas autoridades devem ser determinadas, não se deixando enredar por pressões ou subornos.

É verdade? Não sei. É mentira? Também não sei. Porém, entre tanta "ponta solta", as pessoas visadas no filme, da fama de corruptos não se livram.


O que podemos exigir? Transparência e justiça, somente.

02/11/2007

Carrossel sem sentido

Ocupo o espaço vazio
Entre as estrelas sei brilhar
Escrevo sem sentido
Corro sem transpirar

No presente escuta-me amigo
Há apenas um senão
O passado que te digo
Uma mera questão
Como muitas outras por explicar
Corro sem sentido
Escrevo a transpirar

Entra comigo no espaço
Movimento a girar
O carrossel da vida não pára
Morre quem saltar

Salta comigo no espaço
Nunca vai parar
O carrossel sem sentido
Entre as estrelas vai brilhar.

28/10/2007

Em maré de regressos...


Hoje, no Estádio da Luz às 19h45, 8ª jornada da I Liga portuguesa: SL Benfica - CS Marítimo.



O Benfica pode "saltar" para a segunda posição e vem de uma difícil vitória para a Liga dos Campeões; o Marítimo está a fazer um campeonato muito bom. Não é uma equipa acessível, e pela forma como jogou no Estádio do Dragão, deixa antever enormes dificuldades para o conjunto encarnado. Uma coisa é certa: não há jogos iguais, as incidências não se repetem.

Lá estarei, ao vivo e a cores a puxar pelo glorioso. Por várias vezes disse e reafirmo, quando entro num estádio destes nunca consigo sair de lá insatisfeito.

É a festa do futebol.

21/10/2007

O Regresso

Foi a minha casa de 2001 a 2006.

O Jamor pisca-lhe o olho, rodeado por uma zona verde lindíssima a contrastar com o azul do Tejo. Quantas vezes não corri na mata do Jamor, sempre a pensar o quão parecido seria correr na minha serra de Monchique, com todas as potencialidades para receber um circuito de manutenção jeitoso? Sempre me senti em casa.

Para além disso, vou voltar a uma instituição que muito tem feito pelo Desporto e pela Educação Física em Portugal. Desde 1940, ainda INEF (Instituto Nacional de Educação Física), passando posteriormente - 1975 - para ISEF (Instituto Superior de Educação Física), até à actual FMH (Faculdade de Motricidade Humana), a partir de 1989. Um orgulho, uma tradição.

Por entre conhecimento adquirido, estudo, trabalhos e amizades que perduram a centenas de quilómetros de distância, vive na memória o ambiente jovial e desportivo da Faculdade de Motricidade Humana.

Porque ainda tenho muito para aprender, vamos a outra etapa académica. Certamente que não será fácil, há bastante para conciliar, mas com esforço é possível. Acima de tudo, um regresso desejado a uma casa muito especial.

Até breve!

18/10/2007

Step Up: com esforço é possível!

Tyler Gage (Channing Tatum) e Nora Clark (Jenna Dewan) são dois jovens com backgrounds totalmente diferentes. Ele de famílias pobres e faz do crime um hobby; ela uma rapariga de famílias ricas, com pretensões de vir a ser uma dançarina profissional, estudando para isso num colégio elitista.

Quando ele, para cumprir pena, vai fazer trabalho comunitário nesse colégio, os dois conhecem-se. Uma vez que o habitual parceiro de Nora se lesiona, esta precisa de encontrar outro parceiro competente para a apresentação da sua coreografia de final de curso. Depois de algumas audições, onde todos os voluntários falham redondamente, aparece o "rapaz das limpezas" a tentar dar uma "mãozinha". Mal ela sabe que ele domina a arte do "break" e do "hip hop", aprendidas na rua.

O resto já imaginam: apaixonam-se, têm alguns "stresses", mas no fim sempre executam a tão esperada coreografia: uma mistura de dança clássica com novas formas de dança contemporânea. (Um aparte: a dança é fantástica, especialmente quando os protagonistas formam o par - técnica, ritmo, paixão, confiança e dedicação. Muito porreiro!)

Sim, eu sei, é apenas um filme, mas apesar das dificuldades e das diferenças, eles conseguiram. Quando queremos muito uma coisa, será assim tão impossível?

14/10/2007

Deixa-me perceber...

Sonhei e acordei em sobressalto.

- Caramba, parecia mesmo real - pensei ainda aparvalhado. Quem eram aquelas pessoas? Aquele local, tão familiar, mas simultaneamente tão vago e distante. Procuro interpretar ou deixo-me ficar pelo "é-só-um-sonho". A segunda hipótese traduz uma inércia que não valida o meu pensamento, não gosto. Vamos à primeira.

Lembro-me das aulas de Psicologia no secundário. Tratámos Sigmund Freud, um pouco superficialmente, pórem ainda me recordo de algumas coisas. Fico constrangido por nunca ter lido a Interpretação dos Sonhos deste senhor. Solução: google.

Dou de caras com "Guias para a interpretação dos sonhos". Demasiado fácil, não me seduz. Leio Freud: "id, ego e superego", "pulsões sexuais", "divisão do consciente e inconsciente", "libido", "os seres humanos nascem 'polimorficamente preversos'". Pois, ainda não esclarece completamente. Eis que dou com este pdf: A Mensagem dos Sonhos - Uma Análise.

"A tentativa que se queira fazer de interpretar de forma linear e pragmática os sonhos, leva fatalmente a equívocos, pois cada sonho traz uma mensagem particular e própria, referente ao sonhador." Sim, concordo. O sonho é parte integrante da própria pessoa, disso não há grandes dúvidas.

"Os livros que trazem interpretações colectivas e simplistas dos sonhos são suspeitos, e aproximam-se do charlatanismo". Foi precisamente por isto que recusei aceder aos tais guias para interpretação dos sonhos. Receitas fáceis para assuntos complexos e dúbios, geralmente dá sempre asneira.

"O sonho não deve ser entendido como sendo estritamente a resultante das actividades realizadas pelo sonhador durante o dia. A maioria dos sonhos não contém elementos de experiências diurnas. (...) Na maioria deles, o conteúdo diz respeito a compensações psíquicas da vida consciente, bem como a tentativas de correcção de rumo da vida do sonhador". Não deixa de ser bastante lógico. As tais pessoas no meu sonho e o próprio local poderão ter surgido dos calabouços do meu inconsciente, sem necessariamente serem "elementos reais". Quanto à tentativa de correcção do meu rumo de vida, poderá não ser de todo descabido.

De uma coisa estou certo, não devo dar muita importância às imagens que ainda me percorrem os neurónios, mas lá que foi bom... foi mesmo!

04/10/2007

Exigir um "Já!", quando só para "Amanhã"

O SL Benfica voltou a marcar passo na Liga dos Campeões ao perder na Luz com o Shakhtar, e eu pergunto: os adeptos benfiquistas querem o quê? Marisco?

Ah e tal, mas o Sporting CP e o FC Porto venceram e a jogar "fora".

Ok, felizmente venceram, Portugal precisa destes bons resultados, mas voltemos ao Benfica. Da época passada para este ano, saíram: o treinador, o capitão (Simão) e o "pequeno bombardeiro" (Miccoli). No que se refere ao primeiro, implica sempre a entrada de um outro treinador, com filosofias e metodologias de trabalho naturalmente distintas e não é em duas ou três semanas que este as consegue implementar. Por acaso, Roma foi construída em quanto tempo? Um, dois, dez dias? Certamente que não.

Depois há a saída do Simão, jogador extremamente influente na equipa. Não só capitão de equipa, como especialista na marcação de pontapés livre directos e ainda capaz de desequilibrar qualquer defesa adversária através da sua capacidade técnica e velocidade de execução. Para terminar, e não menos importante, a partida para Itália de Miccoli, um jogador que marcava golos (aquilo que Camacho tanto pretende) e ainda dava a marcar. Dono de uma capacidade táctico-técnica muito acima da média e excelente leitura de jogo.

Para colmatar estas duas saídas, o Benfica contratou jovens com inegável potencial, predominantemente provenientes da América do Sul e com pouca ou nenhuma experiência na Europa. Perante este breve cenário, acham mesmo possível construir uma equipa em dois ou três dias e, como se isso não bastasse, a jogar um futebol agradável? Meus amigos, o Sporting e o Porto mantiveram as mesmas equipas técnicas, consequentemente, o mesmo modelo de jogo e, grosso modo, as mesmas equipas base, portanto, estruturas muito mais estáveis.

É inconcebível que já surjam críticas ao Camacho pelos recentes resultados. A conclusão é simples: em Portugal, a mentalidade do e para o futebol ainda tem muito que aprender.

03/10/2007

Ouvi Dizer...

A cidade está deserta

E alguém escreveu o teu nome em toda a parte

Nas casas, nos carros,

Nas pontes, nas ruas...

Em todo o lado essa palavra repetida ao expoente da loucura

Ora amarga, ora doce

Para nos lembrar que o amor é uma doença

Quando nele julgamos ver a nossa cura.

24/09/2007

Música: um alarme da sociedade.


Metallica - Turn the Page (Garage, Inc., 1999)


A música tem uma força enorme no seio da sociedade. Poucos são os que não ouvem música, mas a maioria fá-lo, no carro para o emprego, em casa, no hipermercado, no bar, etc.

Alguns artistas ou bandas aproveitam o seu talento para chamar a atenção para inúmeros problemas da sociedade: políticos, sociais, económicos ou até mesmo comportamentais. As mensagens veiculadas nas letras das músicas, nos vídeos oficiais ou nos slogans das "tournées" são exemplos disso mesmo: um alarme para a sociedade (ou da sociedade).

É designada por "música interventiva", não apenas pelo prazer da música em si, mas pelo modo como denuncia ou critica determinadas falhas da sociedade. No fundo, todos desejamos viver num mundo melhor, no entanto, das palavras aos actos há uma distância enorme a percorrer e nem sempre o fazemos da melhor maneira.

Perduram os bons exemplos, os maus não devem ser para esquecer, mas para aprender com com eles através do "como-não-fazer". Um bem-haja a quem procura, com as suas armas, lutar por um mundo progressivamente um pouco melhor.

20/09/2007

Até sempre, Chelsea!

Escandaloso? Não, algo previsível. Para vos ser sincero, julguei que Mourinho não começasse a época no Chelsea FC, tal não foram os acontecimentos estranhos que foram ocorrendo no clube, supostamente contra a vontade do treinador português e sobretudo durante a época transacta.

Nunca pensei que a paciência de José Mourinho fosse tão grada ao ponto de admitir essa sucessão de acontecimentos estranhos nas suas barbas. Desde a contratação de jogadores não desejados para o plantel, o caso Shevchenko é o mais badalado, e de um director desportivo para supervisionar a actividade do técnico, passando pelas constantes tentativas de interferência nas opções estratégicas do treinador por parte de Abramovich, tudo convergiu para a saturação do treinador.

Pois bem, a paciência esgotou-se e o "special one" bateu com a porta. Na minha opinião, fê-lo demasiado tarde, mas ele lá terá as suas razões. Atendendo aos anseios de Mourinho, o próximo capítulo decorrerá por Itália. Como ontem referiu um amigo meu: "o sacana parece ter a vidinha toda planeada".

Aguardemos, o futuro a Deus pertence.

16/09/2007

O valor educativo de uma imagem

Não fumo.

Esta opção foi tomada algures entre 1993 e 1995, aquando da minha passagem pelo 5º ou 6º ano de escolaridade. Lembro-me como se fosse ontem, a imagem dramática no manual de Ciências da Natureza a expor cruelmente os pulmões afectados pelo tabaco. Persegue-me até aos dias de hoje.

- Eu não quero ficar assim - pensei, e determinantemente resisti aos inúmeros convites que me foram feitos. O pior é que nem sempre as nossas opções são respeitadas e temos que levar com o fumo dos outros, que não negligenciam apenas a sua saúde como a dos que os rodeiam. A legislação deve ser rigorosa nesse aspecto, sobretudo em espaços públicos fechados. Não digo que não se fume, no mínimo que se restrinja zonas para fumadores e não fumadores e se respeite esses limites.

Morrer, todos morremos, mais cedo ou mais tarde, mas ao menos que haja qualidade de vida (leia-se, saúde) até que a fatalidade surja. Quanto a isso, a minha consciência está tranquila.

13/09/2007

O caso "Scolari"

Luiz Felipe Scolari errou. Como seria de esperar, a nação, de Norte a Sul do país, pede a "cabeça" do treinador.

As opções de Scolari nunca foram muito consentâneas entre o povo português, contudo, os sucessivos êxitos da nossa selecção no passado recente abafaram os vultos da discórdia. Pela primeira vez desde que o ex-campeão mundial - e referiro-o propositamente - assumiu a selecção portuguesa, estão reunidas as condições para o porem a andar.

Com o apuramento para o Europeu em risco, como o culminar de opções estratégicas duvidosas, não só em períodos pré-competitivos (a selecção de alguns jogadores não utilizados nos seus clubes), como em momentos de competição (por exemplo, as substituições), eis que surge a "cereja no topo do bolo": uma tentativa de agressão a um jogador sérvio. Um autêntico escândalo, inclusivamente já se fala em irradiação do futebol, o que na minha humilde opinião é um abuso. Certamente que será castigado, mas só quem participa ou participou em jogos oficiais de futebol, independentemente do nível competitivo, sabe que, por vezes, é muito difícil manter o controlo emocional. Não é um escândalo, é a natureza humana, por demais susceptível quando se está sob (intensa) pressão, como foi o caso do Scolari.

Não duvido das suas competências como treinador, até porque foi campeão mundial e não é qualquer um que o é, mesmo dispondo dos melhores jogadores do mundo no grupo de trabalho.

Não creio que ele continue à frente da selecção depois deste rol de acontecimentos, embora ainda acredite convictamente no apuramento da selecção portuguesa para o Euro 2008. Pelo que fez por Portugal, a deixar o cargo será uma despedida bastante imerecida para Scolari.

08/09/2007

O Psicanalista

Do escritor americano John Katzenbach.
O enredo é caracteristicamente um thriller, denso em atmosferas, "em parte um registo freudiano do inferno."

Dr. Frederick Starks (Ricky), psicanalista nova-iorquino, recebe no dia do seu 53º aniversário uma carta ameaçadora: "Seja bem-vindo ao primeiro dia da sua morte". O autor da carta - Rumplestiltskin - cedo dá a entender que o jogo é real, dando três hipóteses a Ricky: se este descobrir, em quinze dias, a identidade do malfeitor, algures enterrada no passado do psicanalista, ninguém morre; se não o fizer, será assassinado um parente seu, a menos que Ricky se suicide.

Uma busca incessante pela identidade de Rumplestiltskin, num campo de batalha minado por regras e acontecimentos difíceis de contornar. Ricky é levado a um suicídio que não o é na realidade, revertendo os papéis no jogo: de perseguido para perseguidor, porque: "um homem sem passado, pode escrever o futuro que quiser"... até à vingança.

Quatrocentas e oitenta e oito páginas de leitura absorvente. Tendo em consideração que nunca tinha ouvido falar do autor, decerto que não me esquecerei do seu nome. Excelente!

04/09/2007

Não é defeito, é feitio!

No fim-de-semana que passou consegui exceder as minhas melhores expectativas e segui, não dois nem três jogos de futebol, mas cinco (!). Não costumo ter paciência para tanto, talvez seja pecúlio do início da época.

Das cinco transmissões televisivas, acompanhei três jogos da Premier League (Liverpool - Derby County; Manchester United - Sunderland; Aston Villa - Chelsea) e dois jogos da Bwin Liga (Sporting - Belenenses; Nacional - Benfica).

Não é novidade nenhuma que existem diferenças marcantes entre as nossas equipas e as que são provenientes de Inglaterra. Banalmente, somos confrontados com a expressão "diferentes estilos de futebol", o que quer que isso signifique. Tal não deriva das regras, porque são as mesmas, mas sim da interpretação das regras e aí, confesso, irrita-me ver um jogo de futebol da nossa Liga, após ter acompanhado um ou mais encontros da Premier League. Apita-se por tudo e por nada.

Senão vejamos as estatísticas, em termos de faltas, dos cinco jogos:

Liverpool 14 - 10 Derby County (Total = 24 faltas);

Manchester United 10 - 7 Sunderland (Total = 17 faltas);

Aston Villa 11 - 17 Chelsea (Total = 28 faltas);

Sporting 19 - 17 Belenenses (total = 36 faltas);

Nacional 14 - 16 Benfica (Total = 30 faltas).

Em qualquer um dos jogos da Premier League foram cometidas menos faltas que nos jogos da Bwin Liga, e esse parâmetro traduz, de certo modo, a qualidade do jogo (menos "tempos mortos" e, consequentemente, um ritmo de jogo mais elevado).

No meio disto tudo, quem são os culpados? Árbitros, jogadores, dirigentes ou adeptos? Distribui-se o mal pelas aldeias. Não há profissionalização na arbitragem como em Inglaterra; decisões menos correctas são objecto de polémica imediata, muitas vezes desencadeadas por dirigentes incompetentes para encobrir os seus erros de gestão; os próprios jogadores fazem questão, perante pequenos toques, de se atirarem para o chão; etc... Somos todos culpados, pelo que também deveríamos ser "culpados" por tomar medidas para evitar esta questão podre do nosso futebol e do nosso desporto.

Árbtiros profissionais precisam-se, assim como de agentes desportivos capazes de lidar seriamente com este fenómeno que movimenta milhões de pessoas no nosso país.

Sejamos coerentes!

27/08/2007

Um atalho trágico...

Não era suposto, mas tem acontecido com mais frequência.

Marc-Vivian Foe (28 anos - 2003), Miklós Féher (24 anos - 2004) e agora Antonio Puerta (22 anos, ainda em estado crítico) são os exemplos mais recentes e mediáticos da fragilidade do ser humano. Situações altamente contraditórias que merecem o nosso constragimento e a nossa reflexão, até porque pode acontecer connosco, ou com algum familiar ou amigo.

Como pode tal fatalidade acontecer a jovens desportistas altamente treinados e com acompanhamento médico permanente e específico?

A complexidade do organismo humano é tão acentuada que certos problemas são indetectáveis, mesmo perante os exames considerados como os mais avançados na actualidade. Por outro lado, as exigências desportivas levam progressivamente o ser humano aos limites das suas capacidades, aumentando as probabilidades deste claudicar face a anomalias morfológicas e/ou funcionais do organismo.

Mais grave parece ser o panorama do Futebol amador, que engloba milhares de praticantes só em Portugal e muitos milhões no planeta. Os exames médico-desportivos efectuados, baseados no histórico familiar, na auscultação e no ECG (Electrocardiograma) para determinar problemas cardiovasculares (cardiopatias), é insuficiente. Um ECG fornece-nos o registo da actividade eléctrica do coração em repouso. Ora, como devem imaginar, quando praticamos actividade física, seja ela qual for, o nosso coração tem um funcionamento diferente de quando estamos em repouso, portanto, falamos de um exame que não é específico e não nos põe a par de todas as cardiopatias que um jogador/atleta pode padecer.

Agora penso: Se um puto meu desmaia num treino ou num jogo, seria um dos que teria sido dado como APTO no início da época. Fico apreensivo. E os restantes milhões por esse mundo fora que nem os exames mais básicos fazem?

Força Puerta, torço por ti!

Um triplo salto para o Ouro.

Nélson Évora, o homem de momento! 17,74 metros foi a marca (record pessoal e nacional) do novo campeão mundial, arrasando os adversários de peso que se apresentaram em Osaka.

Magnífico!

Vamos lá ver se os directores dos diários desportivos portugueses lhe dão o destaque que merece.

20/08/2007

Peca por tardio...

Vamos lá ver se com poucos ovos, José António Camacho consegue fazer omoletas. Felizmente, agora temos um bom "cozinheiro".

A imprensa escreve que mais reforços virão com o aval do novo treinador. De facto, é urgente equilibrar o plantel.

Fui apanhado desprevenido com a notícia, mas fiquei satisfeito, não tanto pela saída do Fernando Santos, mas fundamentalmente pelo regresso do Camacho, uma espécie de D. Sebastião para os adeptos benfiquistas.

A pergunta que agora se coloca é: até onde poderá chegar este novo Benfica?

19/08/2007

Opeth - To rid the disease (2003)

Os suecos Opeth, não sendo uma banda muito conhecida no panorama nacional, deram os primeiros passos no mundo da música em 1990. O seu estilo é bastante marcado pelo heavy metal, mas também com influências de jazz, rock progressivo, blues e folk. Esta música faz parte do alinhamento do albúm Damnation, lançado em 2003. Neste registo, a banda procurou mostrar a vertente mais melódica da sua sonoridade, abulindo a distorção característica das suas guitarras e os tons graves do seu vocalista Mikael Åkerfeldt.

Na minha opinião, uma boa música é aquela que tem a capacidade de "mexer" connosco, isto é, de "brincar" com as nossas emoções, quer através da sua letra e/ou da sua sonoridade. Sempre que ouço este tema fico todo arrepiado, mesmo não estando ligado a nenhum episódio marcante da minha vida... pelo menos que conste no meu consciente.

Começo Aziago

Foi por dois pontos que o SL Benfica perdeu a Liga 2006/2007 para o FC Porto. Pois bem, já na primeira jornada da época 2007/2008 cede uma vantagem de dois pontos aos seus eternos rivais.

O mister Santos alega que a equipa precisa de mais tempo, embora precise de mais qualidade, uma vez que as saídas de Miccoli, Simão, Manuel Fernandes e as frequentes lesões não foram devidamente equacionadas na definição do novo plantel.

Parece-me óbvio que dos três grandes, o Benfica é a equipa que menos capacidade demonstra para lutar pelo título, pelo menos até ao momento. Mais que rigor nos aspectos táctico-técnicos, a equipa carece de estabilidade psicológica. Não se admite que uma equipa aspirante ao título ceda um empate após ter adquirido vantagem no minuto 90.

Uma equipa controla o jogo quando detém a posse de bola. Então, se o Benfica fez questão de jogar, na segunda parte, 40 minutos instalado no meio-campo do Leixões, porque não manter a mesma atitude depois do golo marcado? Poderá também ter passado por uma questão estratégica que não concordo: recuar para defender o resultado. Julgo, não querendo retirar mérito ao Leixões, que o empate resulta assim de dois factores negligenciados pelo Benfica: atitude e estratégia. Ambos são treináveis.

Aguardemos pelos próximos capítulos.

14/08/2007

A Saúde Portuguesa: SIMPLEX!


12 de Agosto de 2007 - Domingo
14h40 - Entrada no SAP de Monchique para consulta.
14h50 - Fui atendido pelo médico de serviço que me comunica: "Tem que tirar radiografia no Hospital de Portimão.".
15h10 - Viagem para o Hospital do Barlavento Algarvio, no qual dou entrada às 15h40.
16h10 - Após 20 minutos numa primeira sala de espera (por mim designada como Sala A), sou chamado à sala de triagem, onde a seguir a um breve inquérito me dão uma pulseira com um traço amarelo (situação urgente).
16h45 - Sou atendido por um médico proveniente de um país de leste, depois de 35 minutos na Sala A. Após análise clínica ao meu tornozelo solicita um Raio-X. Pergunto-me para que serviu a minha visita ao SAP de Monchique, não tinha já passado esta fase?
16h50 - Sento-me numa outra sala de espera (por mim apelidada de Sala B) e aguardo que me chamem para Raio-X.
16h57 - Sou chamado para Raio-X. Percorro um corredor de aproximadamente 30 metros e aguardo a minha vez numa terceira sala de espera (Sala C).
17h03 - Entro no serviço de Radiologia para efectuar os exames.
17h06 - Volto à Sala B e aguardo chamada do médico.
17h15 - Sou novamente atendido pelo médico de leste que, ao observar minuciosamente as radiografias, conclui que tenho de fazer mais "chapas".
17h20 - Volto à Sala B e aguardo que me chamem ao serviço de Radiologia.
17h26 - Sou chamado para novos Raios-X, sendo atendido de imediato sem necessitar de esperar na Sala C.
17h30 - Já com as "chapas" tiradas, regresso à Sala B para... ufa... aguardar.
18h10 - Sou novamente atendido pelo médico de leste, que me informa para voltar para a Sala B, pois os exames realizados ainda não chegaram, via internet, ao computador do balcão n.º 2 de clínica geral. "Mas doutor, foram tirados há 40 minutos.", declaro-lhe. "Mais 15 minutos volto a chamá-lo", responde o clínico. Volto à Sala B.
19h15 - O médico chama-me pela quarta vez, já com o resultado das últimas radiografias. Confirma-se: "Não há fractura!", mas quer uma opinião do ortopedista que está no bloco operatório... Volto à Sala B, agora sob a responsabilidade do especialista.
19h30 - "Chama-se Carlos Almeida ao bloco de Ortopedia", soa no comunicador. O médico vê as radiografias, olha para o pé e diagnostica: "entorse, há ruptura parcial do feixe anterior dos ligamentos, mas não está nada partido". Depois das recomendações, a enfermeira faz a ligadura e despedimo-nos.
19h37 - Realizo o pagamento, recebo os recibos e saio do hospital.
Um domingo em grande não haja dúvidas. SIMPLEX!

08/08/2007

A magia da ingenuidade

Local: Praia da Ilha de Cabanas de Tavira.

Contexto: Férias Desportivas de Monchique; Grupo A - dos 6 aos 10 anos; Actividade de lançamento de papagaios.

Situação: Primeira ida ao banho...

Mariana (8 anos): - Oh professor, veja lá, a água está cheia de alface.

Joana (8 anos): - Duhh, não é nada alface, é couve!

Fui incapaz de me intrometer na discussão. Fiquei apenas a observar aquele momento mágico e divertido. Mais tarde esclareci que eram algas e não alfaces ou couves. As pequenas, que entretanto tinham espalhado a ideia da alface por cerca de duas dezenas de colegas, fitaram-me desiludidas por ser algo que não conheciam. Ainda assim, voltaram para casa contentes por terem estado na "praia da alface"... a fazer "voar papagaios".

Quem sou eu para contrariar?

31/07/2007

Monchique - Noites de Verão 2007

11 de Agosto - Dia Internacional da Juventude

BLASTED MECHANISM

22h - Parque São Sebastião

"Let's start a Revolution!"

28/07/2007

Por uma "NIGHT" sem discriminação

Nota introdutória: No dia 5 de Agosto de 2006 escrevi, neste mesmo blog, um "post" intitulado "A noite: um mundo para as mulheres". Referi, entre outras ideias, que "a identidade de um ser humano na 'noite' resume-se a uma estratégia de persuasão regulada por gorilas com perímetro de bicípete superior ao perímetro da cabeça" e que "custa-me, portanto, a aceitar, numa sociedade que tanto apela à igualdade de direitos entre homens e mulheres, e pela qual eu mantenho uma posição favorável, que ainda existam exemplos destes de pura discriminação sexual", isto a propósito das inúmeras vezes que fui "barrado" à porta de bares ou discotecas nacionais.

Ontem - 27 de Julho de 2007 - quase um ano depois, qual não é o meu espanto quando leio o seguinte título no Diário Digital: "Advogado alega que 'Ladies Nights' discriminam homens".
Citando o artigo, "Roy Den Hollander, advogado em Manhattan, interpôs num tribunal federal uma acção que, caso a ganhe, terá repercussões a nível nacional - ele alega que as 'Ladies Nights' nos bares são inconstitucionais porque fazem discriminação de preços com base no género."

Mais cedo ou mais tarde isto tinha que acontecer e não ocorre somente nas 'Ladies Nights', mas de uma forma geral. Quantos homens são diariamente impedidos de entrar na discotecas apenas por serem do género masculino? Haverá outra explicação para além da pura discriminação sexual?

Espero sinceramente que o "falhado" que tem este "ponto de vista idiota", como acusa um gerente de um clube nocturno de Nova Iorque, vença este processo.

A sociedade agradece!

22/07/2007

Cientificamente comprovado

Assim, vale a pena pagar para entrar nos "bares de alterne". Mas se o problema é a saúde da nossa população masculina, para quando uma comparticipação por parte do Estado?

13/07/2007

O Codex 632

Uma obra de José Rodrigues dos Santos que vai além do simples romance que sublinha o título do livro.

Tomás Noronha, um professor de História da Universidade Nova de Lisboa, especialista em Criptanálise e Línguas Antigas, é o personagem principal. A ficção dos seus dramas e prazeres pessoais contrasta com a veracidade, reclamada pelo autor, dos elementos históricos que ressaltam do enredo e que remontam ao tempo dos Descobrimentos.

Terá a descoberta da América resultado de uma estratégia do Rei de Portugal, D. João II?

Cristóvão Colombo era mesmo um genovês ao serviço dos Reis Católicos (Castela + Aragão) ou um agente secreto português?

Factos ou dúvidas, como queiram interpretar, que nos fazem (re)lembrar os feitos dos nossos antepassados, numa Era em que éramos nós (Portugal) e eles (o resto do Mundo). Uma excelente obra que recomendo vivamente.

"O tempo revela a verdade."
Séneca

10/07/2007

Susceptibilidade Biológica do Ser.

A nossa cabeça é um tribunal em permanência. Não pedimos licença para julgar, somos juízes de nós próprios e do mundo. Mesmo que não a expressemos, a sentença ocorre-nos no pensamento, corrompendo a ingenuidade do olhar.

Se o cão vê sujeito A e ladra, mas breves momentos depois vê sujeito B e aconchega-se, quem sou eu para duvidar da susceptibilidade do Ser? É tudo tão natural.

Dizem que há pessoas mais susceptíveis de serem assaltadas que outras; os sinais que emanam sugerem o acto criminoso como se de um sinal de partida se tratasse. Olho para A e não o curto; ao olhar B, é um gajo porreiro. Julgo! Tu também me julgas, mesmo que não me conheças.

Relaxo, a Natureza assim o quer... biologicamente susceptível.

09/07/2007

A arte de somar fracassos em competição.

Depois do fracasso no Europeu Sub-21 na Holanda, em que falhámos o apuramento para as meias-finais e para os Jogos Olímpicos 2008 (Pequim), novo fracasso no Canadá no Mundial Sub-20.

Contra a Nova Zelândia ainda se viu qualquer coisa, talvez porque o adversário também o permitisse, mas frente ao México e Gâmbia, simplesmente não houve equipa. A selecção sobrevive das acções individuais de alguns jogadores que são muito evoluídos tecnicamente. No conjunto, a dinâmica é precária. Uma equipa não pode "viver" (ou "sobreviver") dos eventuais erros do adversário, tem que impor erros ao adversário, o mesmo é dizer: saber assumir, no mínimo, o controlo do jogo.

Por esta lógica, eu pergunto: temos falta de bons jogadores formados em Portugal? Não, pelo contrário. Ultimamente, a formação de jovens futebolistas tem vindo a melhorar no nosso país. Há melhores infraestruturas (campos sintéticos, centros de estágio, etc.); mais técnicos com formação apropriada; e um número considerável de jovens praticantes da modalidade.

Então o que é que está a falhar, Sr. José Couceiro? Felizmente, a organização do quadro competitivo deste Mundial é benevolente com "deslizes" e vamos seguir em frente como um dos quatro melhores terceiros classificados, num lote de seis grupos.

Sem rodeios, é tempo de começarmos, pelo menos, a mostrar algum Futebol. Divirtam-se!

06/07/2007

Vendo...

Guitarra: Fender Standard Stratocaster (Mexican)

Data de aquisição: Novembro de 2002

Preço de aquisição: 600€

Estado: bem conservada (como na foto)

Valor pedido: a negociar, mas nunca inferior a 350€.

Notas: quando for vendida, retiro esta postagem. Se não houver uma proposta pelo menos idêntica à supracitada, não a vendo. :p

Até breve!

30/06/2007

Eles partiram a loiça toda.

28 de Junho de 2007 - Metallica no Super Bock Super Rock 2007

Foram 2 horas e 22 minutos de músicas old school num ritmo frenético. Não tocaram músicas do albúm mais recente de originais (St. Anger, 2004) e abusaram, como deve ser, nos potentes temas dos seus primórdios. Desde Creeping Death até Seek & Destroy, passando por Ride The Lightning, The Four Horsemen, Fade To Black ou Master of Puppets, os homens "partiram a loiça toda". Literalmente!

Um concerto memorável, que superou o de 2004 no Rock in Rio. Sem dúvida, o melhor que já tive oportunidade de assistir ao vivo. Digam o que disserem, mas nenhuma banda neste festival superará o virtuosismo, a elegância e a potência dos Metallica.

Velhos são os trapos.

25/06/2007

Para quê ver com os olhos em bico?

Ao folhear o Record do dia, deparei-me na página 43 - secção de Opinião, com o seguinte título: "Aposta na Formação". Sem perder tempo, debrucei-me no artigo de Rui Cartaxana, escrito com base numa carta de um leitor - Tomás de Campos. [Interessante, pensei.]

Focando a política de recrutamento de jogadores dos clubes, Tomás de Campos não hesita:

"Os presidentes dos nossos clubes, (...) julgam que dirigir um clube é dar umas 'bocas' para os media, (...) negociar com terceiros os direitos de TV e com empresários (...) a compra e venda de jogadores. E ficam sentados à espera dos resultados, uns por preguiça ou desleixo, outros por incompetência." [Nem mais!]

Pelo meio, fiquei a saber que Portugal lidera, desde 2002, a "importação" de jogadores brasileiros, com "140 futebolistas/ano, à frente de todos os países ricos da Europa". [Caramba, somos assim tão fracos na formação?]

Finalmente, o caso do SL Benfica, "(...) clube que, pela popularidade junto das classes menos favorecidas e mais numerosas, podia ser um especial chamariz junto dos dois milhões de jovens portugueses que fazem do futebol um centro de interesse." Ao invés, a "escola do ex-sindicalista A. Carraça", em vez de formar portugueses, importa chineses e alcança o feito, época 2006/2007, de não ganhar nada nos escalões de Iniciados, Juvenis e Juniores. [Precisamente, perdeu os títulos para FC Porto (Iniciados e Juniores) e Sporting CP (Juvenis).]

A rematar esta postagem, só uma 'achega' de Rui Cartaxana:

"Os clubes só têm uma hipótese: ou apostam a sério na formação e reduzem ao máximo a compra de estrangeiros ou abrem falência a curto/médio prazo."

Pelo artigo, pela opinião, pela frontalidade... foram 0,75€ muito bem gastos.

23/06/2007

Entre, Sr. Cardozo.

Oscar "Tacuara" Cardozo

Contratado por 9,1 milhões de euros (80% do passe) aos argentinos do Newell's Old Boys, parece-me ser o avançado que o SL Benfica há muito precisava. Repito, parece-me. É bem verdade que o futebol sul-americano tem características diferentes do futebol europeu. Também é verdade que já outros jogadores rotulados de craques chegaram a Portugal, provenientes da América do Sul, e pouco ou nada renderam. Lembram-se do Donizete ou do Paulo Nunes?

Não obstante, algo me diz que este Sr. Cardozo vai deixar a sua marca em Portugal. De estatura invenjável (1.93m), é bom no cabeceamento, tem excelente sentido posicional próximo da baliza e um remate de pé esquerdo terrivelmente potente e colocado (ver). Em pontapés livre descaidos sob o corredor direito pode ser bastante útil à equipa, acrescentado mais soluções de cariz estratégico ao plantel. A possibilidade de jogo directo pode ser equacionada com um jogador com estas características na grande-área.

Sem deitar "foguetes antes do tempo", creio que é um bom reforço. Vamos lá ver!

17/06/2007

Algo que me dilacera, bem lá no fundo.

O que mais me doi é te ter magoado. Não o mereces.
A culpa não é tua, é minha e não há palavras que alterem o que te disse. Não te vou pedir desculpa, mas vou mudar. Há erros que vêm por bem, podem é vir tarde demais.

Porque é que são sempre as pessoas que mais gostamos que sofrem com as nossas injustiças? Caramba, se ao menos pudesse voltar atrás.

Quem mais sofre sou eu.

Imagens do Corpo.

- Olá, bom dia! Como estás? – pergunto à Monalisa, em pleno museu do Louvre, Paris. Ela não responde, permanecendo imóvel com o seu olhar misterioso.

- Tens algo para me dizer, eu sei... aproveita agora que não está aqui ninguém – continuo, sussurrando. Mas ela... nada!

- Queres fazer "jogo" comigo é? – pergunto irritado, e continuo: – Pensas que me podes ignorar, tal como fazes com os milhares de corpos que ano após ano te veneram? Pois fica sabendo que tu não passas de tela e óleo, nunca sentiste, nunca cheiraste, nunca ouviste, nem nunca provaste. Só vês! Conheces de cor todos os cantos deste átrio, mas eu posso sentir a chuva a cair, cheirar o perfume da rosa, ouvir o cântico dos melros ou fazer caretas ao provar a acidez do limão.

Mais uma vez sou ignorado, é inútil... ela não me ouve.

Entretanto, aproxima-se um grupo de turistas para ver o célebre quadro. Diante da tela, mergulham como que hipnotizados na imagem daquela rapariga enigmática. Nem me olham! Porquê? Eu era o único corpo que estava presente! Será que é por ser igual a eles que não reparam? E se por artes mágicas o meu corpo fosse estampado num quadro e exposto ao lado dela? Passaria de três para duas dimensões, mais nada! Ah... e deixaria de sentir, ouvir, provar ou cheirar... apenas iria ver, durante 5, 10, 100 ou 1000 anos, milhares de corpos no “pára-arranca” com a mesma paisagem de fundo. Sentir-me-ia bem? Nem sequer me iria sentir, o meu mundo enquanto corpo terminaria no processo de estampagem de mim próprio.

Lanço um último olhar ao quadro, a pintura representa um corpo que está ausente, não se manifesta. De facto ele quer-nos dizer qualquer coisa, mas nós nunca saberemos o quê, pois simplesmente não habita nos padrões psicofisiológicos da nossa realidade. Resumindo: é material... só e somente!

Sorrio perante tal raciocínio e deixo o local. Subitamente, perdi a vontade de ver qualquer quadro ou peça de arte... hoje não é dia para isso. Antes de sair, imagino-me ali mesmo, estampado ao lado da Monalisa... e se de honra falássemos, ficaria muito lisonjeado, mas como prevalece a existência... prefiro viver, sentindo!